O Homem do Futuro é o quarto longa-metragem do roteirista e diretor Cláudio Torres (Redentor e A Mulher Invisível). Na trama, Wagner Moura é Zero, um cientista genial, mas arrogante e infeliz, que há 20 anos foi humilhado publicamente na faculdade e perdeu o grande amor de sua vida, Helena (Alinne Moraes). Prestes a ser demitido, Zero aciona, antes de totalmente concluído, o acelerador de partículas mais barato do mundo. O experimento dá errado, o cientista acidentalmente volta ao passado - e se vê diante da chance de alterá-lo.
Unindo a ficção científica à comédia romântica.
A onde posso ver esse filme:
Cine Dunas - Cassino: (Não exibe segunda-feira) diariamente às 19h / diariamente às 21h.
Crítica:
Viajar no tempo e espaço é um dos maiores prazeres da ficção científica, criando paradoxos temporais que podem levar a história a infinitas direções diferentes. No cinema, temos, por exemplo, a nova Star Trek de J.J. Abrams, que cria um universo paralelo. E temos também a mais antológica série de viagens no tempo, De Volta para o Futuro, que discute as consequências que uma mudança aparentemente pode fazer com o futuro de uma pessoa. O Homem do Futuro (2011), novo filme do roteirista e diretor Cláudio Torres (Redentor, A Mulher Invisível) segue mais esta segunda linha, e mostra Zero, o personagem de Wagner Moura, voltando duas vezes para o seu passado.
O motivo, claro, é uma mulher. Seu nome é Helena (Alinne Morais). No final de 1991, os dois estão cursando Física na faculdade. Ele é o nerd, tímido, gago, que só consegue olhar para baixo quando estão juntos. Ela é a mulher mais linda da turma, que já não aguenta mais as pessoas que só vivem de aparência e quer ficar ao lado de alguém com mais conteúdo intelectual. No dia da festa à fantasia de fim de ano, os dois finalmente ficam juntos, mas nem tudo termina bem para ele, que a partir daquele dia se torna uma pessoa amargurada e que não acredita mais na felicidade.
Duas décadas depois, trabalhando na busca de uma nova fonte de energia, Zero acaba criando um buraco de minhoca que o manda para o pior dia de sua vida. E agora, com a possibilidade de mudar tudo, a humilhação de 20 anos atrás não voltará a acontecer. Mas ao macular seu próprio passado, Zero muda também seu futuro e o que ele vê não é exatamente o que imaginava.
Quem assistiu à trilogia estrelada por Michael J. Fox enxerga claramente aqui um resumo dos dois primeiros filmes da série, inclusive com o protagonista subindo ao palco para animar os colegas no baile e tudo mais. A reciclagem da idéia, porém, não chega a incomodar, pois a homenagem é clara e feita com respeito.
Ao misturar a ficção científica com a comédia romântica, Cláudio Torres age como um trapezista seguro, andando sem tropeçar na linha que separa o cinema comercial do autoral. De uma só vez ele consegue falar do que quer - no caso, a ficção científica e as viagens no tempo que ele não esconde curtir - enquanto o público vê o que também quer - que é uma história divertida, bem contada e com rostos que eles estão acostumados a ver na televisão diariamente.
Mas o filme não passa sem falhas. Contrastando com as divertidas e bem distintas atuações de Wagner Moura - cândido na época da faculdade, desiludido no primeiro presente e seguro de si no futuro -, a sensualidade e dureza de Alinne Morais e o bom companheirismo de Fernando Ceylão, estão os atemporais Gabriel Braga Nunes e Maria Luísa Mendonça. Apesar de seus figurinos e cabelos acompanharem bem a mudança temporal, os dois já não têm mais idade para se passar por universitários e a maquiagem não ajuda.
Wagner Moura e seu Zero devem levar muita gente ao cinema, somando assim mais uns zeros à conta de Cláudio Torres, que poderá continuar fazendo os filmes do seu jeito. O Homem do Futuro é o buraco de minhoca que pode trazer o cinema do gênero ao nosso presente.
Marcelo Forlani – site Omelete Filmes